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COLUNA DO JOÃO BOSCO BITTENCOURT

Mutirão da prefeitura de Goiânia é realmente uma eficiente?

Prefeito abriu mais uma edição neste sábado (10/5)

Mabel durante mutirão em Campinas (foto Alex Malheiros)

A 40ª edição do Mutirão da Prefeitura de Goiânia, realizada neste sábado (10/5), escancara dois movimentos simultâneos da gestão Sandro Mabel: a tentativa de resolver demandas acumuladas nos bairros e o desejo de imprimir uma marca de governo presente, que atua no varejo do cotidiano. A ação mobiliza uma força-tarefa robusta e multidisciplinar, com mais de 150 serviços, de atendimentos médicos a reparos de infraestrutura, ando por assistência social e atividades culturais.

Não se pode negar o impacto imediato que uma operação como essa tem sobre a população. Para muitos moradores, é a única oportunidade de o a determinados serviços, como consultas médicas, vacinação, regularização de documentos e até assistência jurídica. O governo, nesse formato, aparece de forma concreta e visível. É político, mas também necessário.

O problema está no modelo. A gestão ite, nas palavras do próprio prefeito, que a cidade chegou a um ponto em que a manutenção rotineira “não dava conta da sujeira acumulada”. Ou seja, o mutirão é, em parte, uma resposta a uma falha estrutural: a ausência de políticas contínuas e preventivas. É legítimo perguntar por que essas ações precisam ser concentradas em um único dia, em vez de diluídas ao longo do ano por meio de planejamento e rotina de serviços públicos. Também que as demandas se acumularam devido  inoperância da gestão anterior.

Outro ponto sensível é o uso político da ação. Há um componente de marketing evidente: o prefeito discursando, o reforço visual nas praças revitalizadas, a entrega de cestas básicas, a proximidade simbólica com o “povo”. Nada disso é, por si só, condenável. Política se faz com presença. Mas é preciso distinguir presença de espetáculo.

O mutirão funciona. Entrega, atende e resolve. Mas não pode se tornar desculpa para a falta de gestão continuada. Governar é mais do que montar tendas e distribuir serviços por um fim de semana. É garantir que eles existam todos os dias, com ou sem holofotes.